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Loving Vincent / Revisão

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★★★★

No momento em que os títulos de abertura de Loving Vincent chegarem ao fim, e o próprio filme começar, em algum lugar na região de 1500 telas a óleo pintadas à mão, produzidas por artistas e animadores profissionais ao longo do equivalente a talvez 15-20 meses, terão olhado e brilhado na tela. O resultado é, simplesmente, surpreendente.

A dupla de escritores e realizadores Dorota Kobiela e Hugh Welchman levou sete anos para produzir este trabalho de amor; algo bastante quando se considera que o próprio Vincent van Gogh foi um artista activo durante mais um ano. Sete anos, ou seja, mais 125 artistas e 65.000 obras de Arte pintadas a óleo sobre tela individualmente. Quando Van Gogh escreveu, numa carta de 1890,’ não podemos falar senão pelas nossas pinturas’, pouco poderia ele ter imaginado, tendo vendido apenas uma obra de arte durante a sua vida, que mais de um século depois os cineastas a literalizariam numa peça que é ao mesmo tempo um tributo e um projecto experimental de paixão. É um paralelo fascinante constatar que Loving Vincent é um filme que não dança na fronteira da fotografia e da pintura, contando a história de uma época em que os irmãos Lumir e pós-impressionistas faziam o mesmo.

Através da visão recriada e recém-animada da Noite Estrelada de Van Gogh, a abertura do filme desce sobre 1891 Arles, um ano após o dia em que Vincent teria se matado em um campo de trigo em Auvers-sur-Oise. Douglas Booth interpreta – dizer que ‘vozes’ seria negligenciar os meandros do extenso processo-Armand Roulin, um tema da vida real de três retratos de Van Gogh, a quem é legada a tarefa de entregar a última carta não enviada do artista ao seu irmão Theo van Gogh, por seu pai, e também o musa do retrato, Joseph Roulin (Chris O’Dowd).

O que se segue é uma trama processual de batidas de mistério de assassinato. Armand, a princípio um bêbado desinteressado (‘meu trabalho é dar forma ao metal e não entregar cartas’), se vê atraído pela teia de vidas e verdades domésticas que se desdobra enquanto se move entre as pessoas que conheciam Vincent antes de morrer. Com os seus flashbacks film noir em preto e branco (inspirados, de forma inteligente, pela fotografia contemporânea) e o fluxo de entrevistados, os Um Inspector Chama vem à mente, até quando Armand começa a questionar Quem é realmente o culpado pela morte do artista: ‘como é que um homem deixa de ser absolutamente calmo para se suicidar em seis semanas?’

Tirada como é de anos de pesquisa meticulosa, há uma certa inevitabilidade sobre o quanto Loving Vincento enredo faz com que tudo isso pareça um vídeo de exposição do tipo encontrado em galerias interativas modernas. Um roteiro desigual de Kobiela, Welchman e Jacek dehnel só ganha vida em rajadas, muitas vezes revigorado pela animação ou elenco bem escolhido. Junto com Booth e O’Dowd, o filme ostenta os talentos de Jerome Flynn, Helen McCrory, a maravilhosa Saoirse Ronan, e PoldarkAidan Turner e Eleanor Tomlinson, com esta última a dar uma série de sotaques que sugerem que lhe foi dito para fazer rural e não conseguiu decidir o que isso realmente significava. Cada um foi extraído da obra do artista e animado de forma estranha Tintim moda de captura de movimento.

Vicente
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No conjunto, e identificando por que a estrutura narrativa não consegue se agarrar de forma consistente, John Sessions aparece também como o negociante de arte por Tanguy. Sessions é o primeiro ponto de chamada de Armand na sua missão de entregar o Cidadão Kane– esque McGuffin e faz pouco mais do que sentar e narrar a história de vida de Van Gogh. É uma história fascinante, mas contada com pouco sentido para o cinema, não que se possa negar as intenções positivas e os toques pessoais. A própria Kobiela sofre de depressão e esse impulso emocional paga as suas dívidas.

Loving Vincent funciona como um longa-metragem? Talvez não. Mas, em termos de pura audácia, esta obra-prima hipnótica é absolutamente deslumbrante e de tirar o fôlego.

T. S.

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